Os jovens, que já no final dos anos 50 andavam de motos ou lambretas, já prometiam mudanças de comportamento. Apresentavam uma rebeldia ingênua, sintonizada com o famoso rebolado de Elvis Presley. As moças, como um ato de liberdade, livravam-se das saias rodadas e passavam a usar calças cigarettes.
A década de 60 foi caracterizada principalmente pela “contracultura”. Definida como “um ‘movimento’ que questiona valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental”, a contracultura fazia com que as pessoas se excluíssem socialmente, e assim negavam-se em se adaptar a opiniões e visões impostas e aceitas pela maioria. Acredito que com a explosão dos meios de comunicação, as idéias difundiram-se. Os jovens então, se libertavam das amarras tradicionais e livraram-se das famílias conservadoras.
Penso que o movimento ‘contra cultural’ mais conhecido tenha sido o movimento hippie. Famosos pelo feito de “Woodstock" (o qual daria vida para ter participado), os hippies eram contrários a qualquer tipo de guerra, tendo como principais valores “a paz e o amor”. No Brasil, ainda nos 60, a Une já paralisava 40 universidades. A Jovem Guarda fazia sucesso na televisão e ditava moda. E em plena ditadura militar, os estudantes realizavam passeatas de protesto, como a tão conhecida “Passeata dos Cem Mil”, além das greves operárias em Osasco (SP) e Contagem (MG).
Em 70, período dos muitos exílios, se usou injustamente a expressão “vazio cultural”. Mas ao contrário do que pretendia a censura, a produção foi rica, o que motivou diversas manifestações alternativas. Nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque serão sempre lembrados por mim, como aqueles que através da música, não abandonaram os ideais revolucionários, dos então jovens.
Os anos 80, dão as boas vindas à democracia brasileira, e nos mostram a força do povo no querer de eleições diretas.
Os “caras-pintadas”, em 1992, iam as ruas pelo impeachment de Collor. O movimento, de caráter estudantil, não aceitava os escândalos de corrupção, que hoje não nos faltam. As cores verde e amarela que estampavam os seus rostos, parecem não existir mais.
O jovem deixou dormir o espírito de revolução e a necessidade de mudança. Mas é em nós, jovens, que ainda acredito. Temos de assumir o lugar de vanguarda que sempre nos coube, para que não morra a crença de que teremos um futuro mais digno. "Afinal, quem é que nunca se inconformou com a metódica vida moderna, resultante de mais erros que acertos? Quem é que nunca se viu frustrado ao ouvir histórias e não participar delas? Quem é que entende o ridículo da nossa geração? Os braços cruzados, a falta de ação, a falta da busca por alma, a troca de tudo por papel?" Não quero ter que admitir que nasci na época errada e que minha geração não aspira por algo novo.