Tão esperada, queridas férias!
Na correria de final de semestre confesso que não pensava em outra coisa. Férias, casinha, soninho... Porém, acho que não me acostumo mais com essa lentidão e falta do que fazer. É claro que ficar perto de quem gostamos é ótimo, ganhar o mimo da mamãe é melhor ainda, mas é entendiante não ter compromissos e prazos.
Ultimamente tenho pensado muito. Criticado meu querido Jornalismo. Crise existencial, talvez? Bipolaridade? Acho que toda crítica é bem vinda, que através da reflexão, e só dela, consigo por as idéias no lugar. Então, aí vai!
Aquele tão sonhado Jornalismo, pra mim poético, não existe mais. É duro saber que a única coisa que me imagino fazendo não passa de mais uma "empresa", mais uma, das muitas máquinas de fazer dinheiro. Hoje: VENDE-SE NOTÍCIAS. A faculdade de jornalismo não engana. É provável, e acredito nisso, que a raça de jornalistas seja a pior de todas. Muito interesse, mentira, status, puxação de saco. Sou quem conheço, quem me indicou, a filha de quem... E o EU? Não posso ser eu? Eu que simplismente gosto de escrever, ler, que sempre sonhei em trabalhar em uma redação, mudar o mundo, denunciar injustiças? Eu que sempre pensei em fazer diferente.
Não é blá, blá, blá. Todo estudante de jornalismo pensa assim - ou deveria. Sinto aquela vontade de escrever tudo aquilo que não consigo fazer sozinha. Aquela explosão de palavras, ou melhor, muito mais do que palavras, são sentimentos e ideias colocadas no papel, pro mundo me ouvir (esse é o jornalismo que não existe? o poético?).
A profissão de jornalista foi considerada a quarta mais estressante. Pode ser comparada ao médico: não se deixa um paciente pra amanhã, assim como não se deixa para publicar amanhã. A notícia, filha única, fica velha. Porém, devo considerar que o valor dado as diferentes profissões não é o mesmo, num mundo de status, como certeza o médico é melhor. (?)
Jornalista vive notícia, respira notícia, ouve notícia. Mas o que é notícia? Aquilo que é de interesse público? Serááá? De quem é o interesse hoje? A comunição está nas mãos de poucos que publicam o que convém (como já me esclareceu o grande Ramonet). Notícia é produto? Jornalismo é o que? Comércio? Li certa vez, que quem precisa do esclarecimento que traz o bom jornalismo, não é que aqueles que o leem, mas sim aqueles que limpam a bunda com jornal.
Ao espremer uma reportagem, não sai suor, sai sangue. E o reconhecimento? É quase sempre pessoal: "Eu escrevi uma boa reportagem!", além claro, da sensação de dever cumprido. Vale a pena? O editor de um jornal de Curitiba perguntou se vale. Se vale a pena prometer aos seus filhos que vai voltar cedo, e chegar quando eles já estão dormindo. Se vale a pena dormir na redação para enfim, conseguir publicar a tão esperada "notícia bombástica". Se vale a pena perder o Natal, a Páscoa com a família. Vale? E foi aí o início de toda essa reflexão.
A indagação que sempre surge ao final de tudo é: e agora, pra que curso vou? Foi no jornalismo que me encontrei. Sempre me senti perdida em todos aqueles cálculos, por exemplo. O que fazer se o jornalismo sou EU?
Lendo e relendo meu texto, com os dedos molhados e salgados de lágrimas, penso que esse pequeno espaço de férias -que me serviu de inspiração- já valeu a pena. Retiro o que disse no princípio. Acredito, e tenho que acreditar no tão sonhado jornalismo engajado, aquele que já citei. Pra mim, é poético.