segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Obrigada Thoreau



Sempre fui próxima dos animais e da natureza, mas raras foram as vezes que refleti sobre a sua grandiosidade. Muito se fala sobre a importância da sua conservação e do pouco que ainda temos dela, mas quase nada se faz para revertemos o quadro. Informações essas, que se tornaram “clichês”.
Ao ler Thoreau me vi instigada a escrever a respeito. O escritor, que influenciou Gandhi, Martin Luther King e Leon Tolstoi, me fez perceber como o homem se sente superior a natureza, e não parte integrante dela. Ao contar em seu livro “Walden ou A vida nos Bosques” sua experiência de morar por dois anos em uma cabana que ele mesmo construiu as margens do Lago Walden, em Massachusetts, pude sentir a futilidade em que está mergulhada a sociedade, e o controle que essa sociedade exerce sobre mim.
O consumismo consome o homem. A necessidade de se ter sempre mais faz com que nos tornemos individualistas. O individualista vive em um estado permanente entre o indivíduo e as instâncias da vida social.

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Em visita ao zoológico de Cascavel na última sexta feira, me deparei com a placa: “Não atire pedras nos animas!”. Infelizmente, não fiquei surpresa ao conversar com o tratador e descobrir que na semana anterior, o “jacaré do papo amarelo” foi encontrado com ferimentos feitos com paus e pedras por um grupo de “visitantes”.
O desrespeito à vida é claro, assim como a falta de responsabilidade coletiva. Não consigo perceber onde está à parte “humana” daqueles que se dizem “seres humanos” e racionais.

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Há dois dias tornei-me vegetariana. Foi a maneira que encontrei de fugir do controle que a sociedade exerce sobre mim. Tarefa essa nada fácil. Por inúmeras vezes me vi tentada a um pedaço de salame, ou a uma simples sopinha de “anholine”. Ao ser questionada pelo “o porquê”, penso que há um exagero no consumo de carnes. A superprodução faz com que os animas vivam em condições não dignas, impedidos de se locomoverem ou terem acesso à luz do sol.
A indústria de carne é uma das maiores responsáveis pela poluição da água. Segundo o TAPS – Temas Atuais na Promoção da Saúde - “somente os animais criados para o consumo humano nos Estados Unidos produzem uma quantidade de excrementos 130 vezes maior do que a de toda a população mundial: 39.000kg por segundo. Uma criação de porcos média produz tantos excrementos quanto uma cidade com 12.000 habitantes”.
O desmatamento, o uso excessivo de água, o espaço para as áreas cultivadas, e a energia utilizada para essa enorme produção são outros aspectos que devem ser levados em conta, além de que “a redução do consumo diário de carne nos países desenvolvidos até 2050 ajudaria a limitar o aquecimento global” – dado este publicado na
The Lancet.

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Não acredito que a solução para todos os problemas do planeta, em especial do meio ambiente, seja o vegetarianismo. Mas acredito que todos devem ter a preocupação, o discernimento, de que algo tem de ser mudado. Henry Thoreoau, ainda no século 19, já tinha a percepção da necessidade do homem em relação as suas aspirações morais e da natureza. Nós, no século 21, ainda não a temos.

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